Itinerários para uma escola com futuro

Tendo por princípio que a escola dos nossos dias obedece, de forma mais ou menos assumida, aos princípios da
escola de massas (criada há mais de dois séculos) e tendo em conta que a sociedade se alterou de forma profunda
nas suas estruturas, podemos questionar em que medida essas alterações sociais/culturais/económicas/politicas
/mentais, se refletiram numa nova escola, ou em novas organizações da forma de pensar a escola. É curioso pensar
que, em 1900, os ilustradores franceses Jean Marc Cotê e Villemard imaginaram e retrataram a escola do ano 2000.
Consta-se que, nesta ilustração, os jovens recebem, de forma passiva, o conhecimento que lhes é transmitido pelo
professor, acrescentando- se apenas uma nova tecnologia (eletricidade) que lhes permitiria, simplesmente, ter a
mesma informação, embora com a receção facilitada. Se confrontarmos esta ilustração com a posição de Vítor
Teodoro (professor da FCT-UNL), "(…) durante o século XX (….) A escola adoptou das igrejas o estrado e o púlpito e
o professor, à semelhança do padre, começou a transmitir, expositivamente, a informação aos alunos, que a recebem
de uma forma passiva. Ensina-se o grupo e não o indivíduo, o que, muitas vezes, leva a que alguns jovens não
compreendam o que está a ser ensinado e percam o interesse…".
É neste sentido que devemos questionar professores, alunos e comunidades, talvez não tanto o papel da escola na
sociedade, mas o tipo de escola que devemos (re)construir: uma escola que permita ao professor concentrar-se nos
alunos e nas nobres inter-relações que se podem estabelecer, dando apoios diferenciados e significativos nas variadas
vertentes do seu ser? Uma escola centrada nas aprendizagens e saberes? Uma escola que reflita a sociedade de
informação, em que o ensino seja construído pelos alunos de forma individual e não obedeça a um corpo massificado
e geral? São estas algumas das questões ou interrogações, que pretendemos levantar, analisar e discutir.